ONS reduz previsão de carga de energia para maio e indica cenário mais seco nas hidrelétricas Generación, Gestión

12/05/2025

Brasil

Operador Nacional do Sistema projeta queda de 0,3% na demanda elétrica
e revisão para baixo no armazenamento de reservatórios no Sudeste e
Centro-Oeste; ENA segue abaixo da média histórica

O Operador
Nacional do Sistema Elétrico (ONS) revisou para baixo suas projeções para a
carga de energia elétrica no Brasil no mês de maio. Segundo o boletim divulgado
nesta sexta-feira (10), a nova estimativa indica uma queda anual de 0,3%, com a
carga esperada em 78.762 megawatts médios (MWm). A previsão anterior, publicada
na semana passada, apontava para um crescimento de 1,9%.

A revisão
reflete a combinação de fatores como temperaturas mais amenas, menor atividade
industrial e uma conjuntura hidrológica ainda desfavorável em importantes
regiões do país. O cenário mais seco previsto para o mês também afeta as
projeções de energia natural afluente (ENA), além do armazenamento nos
principais reservatórios hidrelétricos.

Reservatórios
do Sudeste/Centro-Oeste perdem fôlego

A nova
projeção do ONS aponta que os reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste, que
respondem por mais de 60% da capacidade de armazenamento de energia do país,
devem encerrar o mês de maio com 70,1% da capacidade, um ponto percentual
abaixo da previsão anterior (71,4%). Essa redução é especialmente relevante,
pois essa região funciona como o principal “pulmão energético” do Brasil, sendo
responsável por garantir segurança hídrica ao sistema interligado nacional.

A leve
redução na expectativa de armazenamento se dá em um momento em que os volumes
de chuva seguem abaixo da média histórica em todo o país, prejudicando a
recuperação plena dos níveis dos reservatórios após o período úmido.

Queda nas
afluências em todas as regiões

A energia
natural afluente (ENA), indicador que mede a quantidade de água que chega aos
reservatórios das usinas hidrelétricas, permanecerá abaixo da média histórica
em todas as regiões, segundo o ONS.

    Sudeste/Centro-Oeste: 86% da média
histórica (mesmo patamar da semana anterior)

    Sul: 34% da média (queda significativa em
relação aos 49% da semana anterior)

    Nordeste: 43% da média (melhora ante os 39%
da semana anterior)

    Norte: 64% da média (queda frente aos 70%
projetados anteriormente)

O destaque
negativo fica com a região Sul, onde a redução abrupta nas afluências indica um
cenário de atenção para os próximos meses. Com a chegada do período seco no
inverno e a forte dependência de usinas hidrelétricas na região, o desempenho
da ENA será crucial para a estabilidade do fornecimento local e para as trocas
energéticas com outras regiões.

Impactos no
planejamento do setor elétrico

A revisão
do ONS impacta diretamente o planejamento operacional do setor elétrico. A
expectativa de menor carga de energia exige ajustes na alocação dos recursos do
sistema, incluindo a ativação de reservas térmicas, o controle de vertimentos e
a otimização do despacho energético.

Além disso,
um cenário de ENA abaixo da média impõe pressões adicionais sobre a gestão do
sistema de transmissão, pois torna mais dependente as interligações entre
regiões com excedente e aquelas com déficit de energia. Também influencia
diretamente no mercado de energia, podendo elevar o Preço de Liquidação das
Diferenças (PLD) em momentos de maior restrição hídrica.

Sinal de
alerta para o inverno

Com a
chegada do período seco entre maio e setembro, a previsão hidrológica assume
papel central no gerenciamento do setor. O desempenho dos reservatórios e das
afluências ao longo dos próximos meses será determinante para a manutenção da
estabilidade e do equilíbrio de oferta e demanda no sistema elétrico nacional.

Embora os
níveis atuais dos reservatórios estejam dentro de padrões considerados seguros,
a continuidade de ENAs abaixo da média, associada a uma possível retomada mais
forte da atividade econômica ou picos de demanda por eventos climáticos
extremos, pode exigir novas estratégias de despacho e até acionar o Comitê de
Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) para avaliações mais detalhadas. (Cenário
Energia – Brasil)