Balanço Energético Nacional 2025 revela que matriz elétrica atinge
88,2% de fontes limpas e matriz energética chega a 50%, consolidando o país
como referência mundial em energia sustentável
O Brasil
avança com consistência na liderança da transição energética global. O Balanço
Energético Nacional (BEN) 2025, divulgado nesta quinta-feira (29) pelo
Ministério de Minas e Energia (MME) e pela Empresa de Pesquisa Energética
(EPE), revelou que a matriz elétrica brasileira alcançou um patamar de 88,2% de
participação de fontes renováveis em 2024. Na matriz energética total, que
considera todos os setores da economia, o índice chegou a 50% de renovabilidade
— um dos mais elevados do mundo.
O
desempenho nacional se destaca não apenas frente a países em desenvolvimento,
mas também em relação às maiores economias do mundo. Enquanto nações da
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) ainda lutam
para reduzir sua dependência de combustíveis fósseis, o Brasil já apresenta uma
matriz elétrica amplamente descarbonizada.
Energia
renovável cresce com força no Brasil
De acordo
com o BEN 2025, o crescimento das fontes eólica e solar fotovoltaica foi
determinante para o avanço da matriz elétrica renovável. Juntas, essas fontes
representaram 24% da geração total de eletricidade no país em 2024,
consolidando uma tendência de expansão que deve se intensificar nos próximos
anos.
A geração
hidráulica segue como a base do sistema elétrico, mas vem dividindo espaço com
as renováveis emergentes. A biomassa, especialmente proveniente da
cana-de-açúcar, também segue como fonte relevante, contribuindo tanto na matriz
elétrica quanto na matriz energética.
O ministro
de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou a relevância desse avanço: “O
Brasil é exemplo para o mundo. Seguimos promovendo uma transição energética
justa, inclusiva e equilibrada, que gera oportunidades econômicas, sociais e
ambientais para nossa população”, afirmou.
Setores
industrial e de transportes aceleram descarbonização
O relatório
também analisou o desempenho energético dos principais setores econômicos. Na
indústria, o consumo de energia cresceu 1,4% em 2024, impulsionado
principalmente pela eletrificação. O uso de energia elétrica subiu 4,1%,
ultrapassando o bagaço de cana como principal fonte energética industrial.
Atualmente, a indústria brasileira opera com 64,4% de participação de fontes
renováveis.
No setor de
transportes, historicamente dependente de combustíveis fósseis, os avanços são
notáveis. O consumo de fontes renováveis cresceu 2,7% em relação a 2023,
atingindo 25,7% de participação. O destaque foi o forte aumento no consumo de
etanol hidratado (+30,1%) e de biodiesel (+19,3%), reflexo das políticas de
incentivo aos biocombustíveis e da maior conscientização ambiental.
Além disso,
pela primeira vez, o Balanço Energético Nacional incorporou dados sobre a
eletrificação da frota veicular. Em 2024, o Brasil registrou 215,3 mil
licenciamentos de veículos eletrificados, que demandaram 309 GWh de
eletricidade, sinalizando uma transformação estrutural no transporte rodoviário
brasileiro.
A produção
de etanol também apresentou expansão, com crescimento de 2,8%. O milho, que vem
ganhando espaço como matéria-prima, já responde por 20% da produção nacional de
etanol, evidenciando a diversificação da matriz bioenergética.
Setor
elétrico brasileiro tem uma das menores emissões do mundo
O relatório
do BEN 2025 reforça outro dado que consolida a liderança brasileira na
sustentabilidade energética: as baixas emissões de gases de efeito estufa
(GEE). Em 2024, as emissões associadas à matriz energética brasileira
totalizaram 431,3 milhões de toneladas de CO₂ equivalente (Mt CO₂ eq). Desse
total, mais da metade (214,3 Mt CO₂ eq) é proveniente do setor de transportes.
O setor
elétrico, por sua vez, mantém um dos menores índices de emissão do mundo, com
apenas 59,9 kg CO₂ eq por MWh gerado. Para efeito de comparação, esse número é:
4 vezes menor que a média da OCDE
4 vezes menor que os Estados Unidos
10 vezes inferior ao índice da China
Cada
brasileiro emitiu, em média, 2,0 toneladas de CO₂ equivalente no consumo de
energia em 2024, enquanto grande parte das emissões do país está concentrada
nos setores de agropecuária e uso da terra. Segundo dados de 2022, 70% das
emissões do Brasil estão nesses setores, enquanto o setor energético responde
por apenas 20,5% do total nacional.
Energia
limpa como vetor de desenvolvimento
O Balanço
Energético Nacional é mais do que um levantamento técnico. Ele é base
fundamental para o desenvolvimento de políticas públicas, planejamento
energético e decisões estratégicas do setor privado, que busca cada vez mais
investimentos alinhados às práticas ESG (ambiental, social e de governança).
Diante
desses números, o Brasil não apenas reafirma seu protagonismo na transição
energética global, como também se posiciona como um dos principais destinos
para investimentos sustentáveis no mundo. (Cenário
Energia – Brasil)