Silvestre, Neidja; Cabral, Wilson
ITA
Por muitos anos, o Brasil explorou seu potencial hidrelétrico como fonte prioritária de geração de energia elétrica. No entanto, à luz dos novos tempos que norteiam os investimentos em geração de energia, necessita-se hoje evidenciar não só uma fonte de energia “limpa, renovável e barata”, mas também deixar explícita a formulação de uma estratégia energética sustentável.
A recente crise energética brasileira despertou a sociedade não só para a possibilidade de aproveitamento de fontes renováveis e racionalização do uso da energia, mas também para um profundo questionamento com relação a construção de novas mega-barragens.
Neste cenário, o governo federal procura viabilizar o projeto do Complexo Hidrelétrico de Belo Monte, no Rio Xingu (PA). Desde 1980, a então conhecida Usina Hidrelétrica de Belo Monte gera polêmica. Seu histórico tem início com os estudos de inventário do Rio Xingu, elaborados pela Eletronorte. Essas análises resultaram em um relatório denominado de “Estudos Xingu” (Eletronorte, 2002). O relatório apresentava o conjunto de aproveitamentos para o Xingu, composto por: Jarina (558,72 MW), Kokraimoro (1940 MW), Ipixuna (2312 MW), Babaquara (6273,96 MW), Kararaô (8380,8 MW).
O avanço dos estudos revelaram que, para o Sistema Brasileiro Interligado, a melhor opção seria a construção da Complexo Hidrelétrico de Belo Monte (ex-Kararaô) (Eletronorte, 2002). Em 2002 foi emitida a mais recente versão do relatório de viabilidade do Complexo, considerando um aproveitamento ótimo de 11.181,3 MW aliado a uma redução significativa da área do reservatório de 1.225 km2 para 440 km2. Embora a construção das demais usinas não seja abordada nos estudos e relatórios emitidos pela Eletronorte, o EIA – Estudo de Impacto Ambiental (2002) informa que nos meses de cheia a geração se situará em torno de 11.000 MW médios. Entretanto não será possível dispor deste montante durante todo o ano, devido a limitações hidrológicas.
Várias são as controvérsias existentes nos estudos emitidos pelo empreendedor, e com o objetivo de evitar equívocos, conceitos pre-maturos ou puramente uma posição ambientalista radical, negando assim a energia como necessidade fundamental da sociedade moderna (causa e efeito do progresso), será explorado a seguir algumas peculiaridades referentes à construção de Belo Monte, trazendo informações dos aspectos econômicos, produção e consumo energético, além de questões sociais e ambientais envolvidas.